sábado, 18 de janeiro de 2014

A Morte

Na noite de Ano Novo, David regressava a casa após uma grande comemoração da passagem de ano. Já decorria o Ano de 1462. Prestes a entrar em casa observa que a porta estava entreaberta, assustado, retira a espada tremedeira e entra devagar. A casa estava quase intacta, reparou que as moedas que tinha deixado perto da entrada tinham sido levadas, assim como alguns objectos com pouco valor.
Não sabia se os assaltantes ainda estariam por ali, por isso, caminhava inseguro, aterrorizado com o que podia encontrar na sua frente. Dá voltas e voltas pela casa sem encontrar ninguém. 

O pior já passou... 

Pensava ele, trancando as janelas e as portas. A corrente de ar fez David reparar numa pena que planava no ar... Era uma pena colorida e grande, parecia ser de Napoleão... David corre para verificar que o seu companheiro estava no campo. Quando lá chega, David não o vê e entra em pânico, a única coisa que lá estava era um dos seus papiros com algo escrito:

"Se queres o animal terás de pagar 1500 cruzados até amanhã, deixa o dinheiro nas ruínas abandonadas da cidade. Se falares disto alguém, o teu perú irá servir de alimentação..."

David sente a sua vida acabar novamente, aquele seu amigo fora raptado.
Juntando todo o seu dinheiro e vendendo algumas coisas, consegue juntar os 1500 cruzados. Já no fim do dia, vai até às velhas ruínas e lá deixou o dinheiro.

Os dias foram passando e Napoleão não aparecia. Acaba por aparecer outra carta:

"Os 1500 não chegam, é preciso mais... se quiseres o teu perú vivo..."

David não pára para pensar ou para descansar, vende tudo o que tem à mão e com muito esforço junta mais mil cruzados. Deixa o saco de cruzados no mesmo local e abandona-o, esperando que Napoleão aparecesse.
Dois dias depois, encontra um saco na porta da sua casa, quando o abre e vê o seu interior, as lágrimas escorrem-lhe pela cara e perde a força das suas pernas. Era o esqueleto de Napoleão ainda com restos de carne nos ossos. 

Nos dias seguintes, David não saiu de casa. Infausto e enfastiado, não saía da cama quase. Acabou por ser expulso da sua casa, pois não tinha dinheiro para a pagar, assim como os seus campos. Vendeu as roupas para se alimentar e foi dormindo na Igreja e nas ruas frias de Leiria. O antigo mercador não passava agora de um pobre mendigo infeliz.

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