Não sabia se os assaltantes ainda estariam por ali, por isso, caminhava inseguro, aterrorizado com o que podia encontrar na sua frente. Dá voltas e voltas pela casa sem encontrar ninguém.
O pior já passou...
Pensava ele, trancando as janelas e as portas. A corrente de ar fez David reparar numa pena que planava no ar... Era uma pena colorida e grande, parecia ser de Napoleão... David corre para verificar que o seu companheiro estava no campo. Quando lá chega, David não o vê e entra em pânico, a única coisa que lá estava era um dos seus papiros com algo escrito:
"Se queres o animal terás de pagar 1500 cruzados até amanhã, deixa o dinheiro nas ruínas abandonadas da cidade. Se falares disto alguém, o teu perú irá servir de alimentação..."
David sente a sua vida acabar novamente, aquele seu amigo fora raptado.
Juntando todo o seu dinheiro e vendendo algumas coisas, consegue juntar os 1500 cruzados. Já no fim do dia, vai até às velhas ruínas e lá deixou o dinheiro.
Os dias foram passando e Napoleão não aparecia. Acaba por aparecer outra carta:
"Os 1500 não chegam, é preciso mais... se quiseres o teu perú vivo..."
David não pára para pensar ou para descansar, vende tudo o que tem à mão e com muito esforço junta mais mil cruzados. Deixa o saco de cruzados no mesmo local e abandona-o, esperando que Napoleão aparecesse.
Dois dias depois, encontra um saco na porta da sua casa, quando o abre e vê o seu interior, as lágrimas escorrem-lhe pela cara e perde a força das suas pernas. Era o esqueleto de Napoleão ainda com restos de carne nos ossos.
Nos dias seguintes, David não saiu de casa. Infausto e enfastiado, não saía da cama quase. Acabou por ser expulso da sua casa, pois não tinha dinheiro para a pagar, assim como os seus campos. Vendeu as roupas para se alimentar e foi dormindo na Igreja e nas ruas frias de Leiria. O antigo mercador não passava agora de um pobre mendigo infeliz.
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